terça-feira, 15 de novembro de 2011

Filipe Medon



POESIAS DE FILIPE MEDON


Muito prazer
(Campeão do Concurso Nacional de Poesia 2010)


Eu sou aquele que chora de alegria

Componho versos em plena melancolia

Venço os meus maiores medos

Despejo no papel os meus segredos


Faço sentir melhor os sofredores

Uno com palavras grandes amores

Tenho fé no futuro das nossas crianças

Sou um sonhador, vivo de esperanças


Tenho sede de provar o meu valor

De bradar a todos sobre o meu amor

Meu coração acelera perto da mulher amada

Sorrio até quando não se pode dar risada

Acredito na vinda de novos tempos

Aproveito a vida em todos os seus momentos


Sou ladrão de ventos, já roubei a tempestade

Colho sorrisos, plantando felicidade

Faço da pedra bruta nascer uma flor

Protagonizo a minha vida, sou um ator


Acredito na beleza do amor verdadeiro

Não sou o último, nem o primeiro

Eis a minha identidade nada secreta:

Muito prazer, eu sou poeta.




Nobre arte de amar
(Campeão do II Concurso de Poesia Amor Demais 2010)


Novo começo, nova regra na poesia

É hora de cantar a minha alegria

Bradar sobre o sentimento mais profundo

Capaz de transformar o mundo


Mas como vivê-lo tão intensamente?

Para amar, não há regras, é inconsciente

Não basta ser amor, tem que ser paixão

Há que incendiar e açoitar o coração

Ser bruto em carinhos de cortesia

Ganhar beijos sussurrando poesia


Abrasar no peito a mulher amada

Sorrir até quando não se puder dar risada.

No corpo nu, beijar todos os espaços

Ser carinhoso tomando-a nos braços

Viver numa dúvida inconstante

Ser amigo ou apenas amante?


É preciso muita vontade e pouco juízo

Entregar-se ao amor, morada do paraíso

Fazer versos sem nenhuma decência

Esperar a amada com toda paciência

Poetizar nos momentos de intermitência

Despir as pétalas inebriantes da rosa

Confortá-la quando chorar copiosa

Num breve olhar compreender sua aflição

E num beijo de amor ganhar seu coração.




Sou filho deste chão
(Campeão do Concurso de Poesia da Bauernfest 2011)

Cruzando os mares da aventura

Ergueram nossa história com bravura

Na força bruta da lida de cada dia

Inspiraram os versos de minha poesia

Homens destemidos se dispuseram a lutar

Mulheres de fibra impuseram seu lugar

E hoje nos recordamos com felicidade

Daqueles que construíram a nossa cidade

No papel aro a terra de outrora

O lápis é a enxada de agora

Para brindar a realização da façanha

De um povo destemido vindo da Alemanha

Conquisto a cada dia com meus versos

Um mundo novo, escrevendo universos

Na sinceridade da palavra, a emoção

De vencer na vida com um poema na mão

Deixo de lado a espada e a lança

Minha arma se chama esperança

Inspirado por esse espírito vencedor

Contagio a todos com meu amor

E hoje venho apenas agradecer

A vitória do colono alemão

Que a cada dia me faz crer

No orgulho de ser filho deste chão.




Morrer de tanto amar
(Campeão do III Concurso de Poesia Amor Demais 2011)

Um barco à espera de um cais

Ancoraria num porto seguro

Se não fossem as dores do amor demais

A quebrar suas ondas no escuro.


Recluso em si mesmo, vive numa prisão

Teme os monstros que existem no mar

Está preso nas armadilhas da solidão

Por não ter aprendido a amar.


Sua tripulação carrega o Vício e o Medo

Que num motim, tomaram o comando

Mas foram destituídos em segredo

Deixando o barco à deriva, naufragando.


Eis que abarca um novo e destemido comandante

Que decide parar na ilha do sentimento

Navega por milhas e milhas até o instante

Em que não existe mais ressentimento.


Atracado numa ilha sem temeridade

Finalmente encontra a sua primavera

Na mais perfeita idealização da realidade

A mulher amada está à sua espera.


Decide, então, navegar pelas linhas de seu corpo

Agora, sem medo de naufragar

Pois mesmo que ali, enfim, morresse

Teria sido de tanto amar.




Geração 90
Conectados, plugados, desesperados

Somos a geração dos anos noventa

Nossos braços ainda estão cruzados

Enquanto um novo herói não se inventa

Por que não nos unimos agora?
Por que preferimos só cerrar os dentes?

Há corrupção, impunidade e selvageria lá fora

E nós, inertes, nos fazemos de ausentes


Somos a geração que constrói o futuro

Mesmo assim, estamos presos no passado

Pois ainda prevalece a inscrição no muro

Do velho herói que já está aposentado


Falta-nos a coragem dos caras pintadas

E até mesmo a bravura das uniões estudantis

Somos a era das redes sociais conectadas

Mas não promovemos a mudança em nosso país



Temos que criar uma identidade,

Um motivo que nos faça lutar

A união faz a força, é verdade

Mas para isso temos que começar.

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