quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Maria do Carmo Bomfim





AUSÊNCIA VIVA

Sinto falta da tua presença
tímida,assustada,
escondendo inocente
o desejo que te inflama
em silêncio.
Sinto falta do teu olhar reticente,
do menino que você é,
mesmo com a cabeça nevada pelo tempo.
Mas é este guri atrapalhado
que me atrai,
este mistério que para mim
não é segredo,
pois enfrentar este teu medo
é a curtição que traz pra minha vida
o encantamento de uma juventude
que pensei perdida.



CADÊ VOCÊ ?

Te criei na memória
e no meu desejo.
Tudo se desfez,
não te reconheço.
Vejo apenas uma sombra,
disforme, sem expressão.
Não há nada mais triste
Que a morte de um amor
Que nem existe.



EU & TUDO

Não quero me ausentar de mim
buscar o desconhecido longe
desprezar meus valores
alegrias e sonhos
ser uma estrangeira
dos meus próprios sentimentos
-esse reino de lendas e contos
que eu mesma me conto
segredos só meus.
Não quero me perder de mim:
Sou meu princípio, meio e fim.



Ode à Alegria

Pensei em fazer um poema
triste, amargo,
daqueles de choro preso,
e, de repente, uma enxurrada
de sofridas mágoas.
Mas, e este canto de cigarras
que são o meu
despertador diário?
E os pássaros que sobrevoam
os jardins da minha rua?
E os sinos da igreja
que tocam as Ave-Marias?
E o alarido da criançada
que passa na minha calçada
colorindo o dia?
Como não aceitar os seus apelos?
Como não me sensibilizar
com seus concertos
que são um convite
para a celebração da vida?


MAR

Diante desse azul imenso
faço o mar de espelho.
Os fragmentos que compõem o meu ser
são por ele refletidos.
E venho e vou
me recompondo em suas ondas
no musical balanço
manso manso.




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